sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Cheia de Vida

É toda viva, assim como a arte-ciência que tanto ama.
Tudo cabe em seu coração:
a ameba tem beleza,
um rio é seu paraíso,
a Polly é sua riqueza.

Um lar que sempre atrai.
Logo ali:
saio das Laranjeiras e contente vou ficando até chegar a São João.
Bato ponto no feijão, na fritada e nas inúmeras risadas:
É festa o ano inteiro!

Lá na Museu, de flores,
com a irrebatável alegria,
"Tranquilo, a gente se vê logo."
Lá no Museu, chocolate derramado,
com a verdadeiro sorriso,
"Que bom que estamos aqui !"
Gostei de cara...

Fiel, firme, sem ser formal, não é?
Ainda bem!

É toda viva, assim como a ciência-arte que tanto ama.
Tanto, que lhe escolheram um nome na medida:
"Aquela que é cheia de vida; vivaz: Viviane."

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Esquizofrenismo - com a licença de Kleiton e Kledir em Almôndegas

Quem é esse rapaz, que tanto esquizofreniza,
que tanto me convida pra carnavalizar?
Que tanto se requebra num céu de salto alto,
que usa anéis e livros pra intelectualizar?
Que acena e manda beijos pra todos os seus horrores,
que vive sempre em cores pra teatralizar?

A minha mãe falou que é um tipo perigoso,
Que vive de ironia, falando blá-blá-blá.
O meu pai me falou que um dia viu o cara
Num cabaré da zona fingindo que era o tal.

Quem é esse rapaz, que tanto esquizofreniza,
Que tudo anarquiza, pra dissocializar?
Com mil e um vocábulos, puxando seu verbete,
Que lembra um porrete a me cutucar?
Cuidado, aí vem ele; é um místico, é um xereta.
Abana, abana, que é bocó-pinel.

Eu pensei que todo mundo fosse meio assim bocó-pinel...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Lá no Fundão

Atrasado, mas na hora exata,
com todas as fórmulas na cabeça e
no verão pós-carnaval que tinha um quê de definitivo:
num dos Cantos do orgulhoso,
complexo e
espalhado Fundão
eu te conheci.
Surgimos ali então!


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Penso, logo insisto

Falou.
Incomodou.
Ficou?
Brotou? Um tempo passou.
Será que mofou?
Longo percurso e nem demorou.
.
.
.
Vá lá.
É de pensar.
Será?
Até calar, como olhar?
Pra quê parar?

Fico.

domingo, 19 de setembro de 2010

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Tem que sair

Sinto algo escapar pelas frestas
que estão entreabertas há um tempo.
Crescendo, crescendo, vai tomando espaço
como hélio no balão.

Vontade de gritar não-sei-o-quê.
Fissura de apertar tudo o que amo no peito
e tudo que não amo para fora daqui.
Tal copo cheio que se recusa a mais gotas.

Entalam as palavras que quero escrever
E se confundem as que quero gritar.
Não encontro. O título. O tom
O ritmo. A forma.

Euforia e “não-tô-a-fim-de-nada” brigam
feito camelô de DVD na Uruguaiana.
Os planos se auto-sabotam em mais uma tarde que se vai.
Tentam de noite voltar. Por ora, em vão.

Até que escuto uma canção.
Acima, o sono da Jade; felino, sem regra.
E a coisa toda sai, violenta, sem educação, sem motivo.Sai a vida levando um pouco do meu dentro.
Vai! Se cair, não passa do chão.

domingo, 29 de agosto de 2010

A violência de ser

E rompe. Nada a impede. Azougue. Tá na Jade, tá na Mia. Cuspida como o menino que rasga as entranhas da mãe.
É sombria, é lisérgica, é blasé, é nada, é todo. É essência e pode estar partida.
Escolhe o que ela é para você. E ela lhe cobra a obrigação do zelo, o que não é tão óbvio assim de dar. Conjectura, quebra a cara e antecipa. Tolos que somos, antecipamos.
Com um apego terreno, matam-se os sonhos; mesmo ela pertencendo a outros entes. Mas no final, agarramo-nos a ela. É o que sempre tivemos.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Da insistência

É que não vale a pena. Muita briga para pouco arroz e feijão. A facilidade em conceber, arrumar, gerar e acalentar desavenças é algo estranho que chega a ser doentio. E doentes eles estão, preocupados em ganhar a batalha de amanhã sem ao menos ter colocado o nariz pra fora de casa hoje. E esquecem. Tudo o que está acontecendo no caos que não tem função alguma senão a de dar sentido à nossa existência. Tudo é caótico e quase nada é do jeito projetado em nossas vãs mentes humanas e pretensamente permanentes. E todo o regime é impermanente. Tem uma época em que nem parecemos com isso em que nos transformamos. Cada molécula é constantemente transformada. Ainda bem!
O desespero em queixar-se a todo momento rouba os momentos de puro nonsense dos quais todos nós precisamos. Oh, meu Deus! Ninguém presta. Todo mundo decepciona. Mas não tinha que ser assim! Não é justo.... Não é...
Mas bate e volta. Fede mas não impregna. O cheiro da vida é bom. E como tem nariz dodoi por aí...

sábado, 7 de agosto de 2010

A Certeza da Glória

Não me recordo dos enjoos.
Não me recordo da primeira vibração.
Não me recordo dos coices.
Não me recordo das intermináveis horas
que cismavam em adiar nosso encontro.


Não me recordo do tapa de frio.
Não me recordo do incômodo da novidade.
Não me recordo de sugar com tanta
fome,
ferocidade e
energia
que fizeram doer.
Não me recordo dos tombos frustrados dos primeiros passos.
Nem da primeira tarde em que nos separamos.


Mas tem algo de que me recordo:
você escolheu o amor incondicional, apesar de tudo.
E disto, não é que eu me recorde.
Tenho é certeza.
Todos os dias.

sábado, 24 de julho de 2010

Há umas três semanas, um pouco antes de pegar a estrada rumo à Vassouras, esbarrei com uma música que me prendeu; na verdade, foi um vídeo que continha a música. Música não, canção. Canção não, quase um mantra.


Como venho traçando um caminho muito especial (só não é do bem porque não tem nada de Racional), guardei com bastante carinho esta canção-mantra comigo. O que diz? Pois bem:


"And I don't want to cry my whole life trough
I want to do some laughing too
So come on, come on, come on, come on laugh with me.
And I don't want to die without shaking up a thing or two
Yeah, I want to do some dancing too
So come on, come on, come on, come on dance with me.


Sometimes you've just gotta make it for yourself.
Sometimes sugar, it just takes someone else.
Sometimes you've just gotta make it for yourself.
Sometimes baby, you just need someone else."


Girls, em "Hellhole Ratrace"



sexta-feira, 23 de julho de 2010

Somos humanos, somos cafonas

Tudo cansa. Não somos robôs, embora muitos pareçam verdadeiros androides mal-acabados. Estes sim são indestrutíveis, são fontes inesgotáveis de reclamações torpes e de atitudes que em nada resolvem o marasmo em que suas vidas pífias se encontram. E pior: não se cansam de tentar minar, a todo custo, qualquer princípio de paz que cisme em brotar ao redor. E isso tem me cansado demais.
Se está chovendo, seria melhor um sol; se está trabalhando, seria melhor ter mais tempo para si; se está desempregado, "quem dera ter um chefe para me encher a paciência". Se você está na tranquilidade, sem reclamar, é porque é um babaca. Não dá. Não deu para segurar o que venho sentido há tempos nos ambientes em que transito, fico e vivo. Principalmente vivo.
Tempos em que as reclamações eram constantes já existiram; faço aqui uma confissão. Mas, no fundo, depois de experimentar as consequências de tamanha atitude modorrenta, cheguei à conclusão de que era muita energia para nada. Era muito barulho por nada. Era nada por nada. Depois disso, caiu a ficha de vez: dar importância e o peso que cada coisa merece é fundamental. Não é possível viver constantemente em uma ultra-tragédia ou no mais escabroso niilismo e escapar impune da vida. Não há ser que passe por isso impune. Então, a tentativa de atribuir a nossos saltos, subssaltos e sobressaltos as cores devidas é constante. Que os caminhos que adotamos nem sempre nos levam ao mais perfeito desfecho nós sabemos. Mas que se tenha força para se admitir que o caminho não foi dos melhores e recomeçar a andar. E que se tenha caráter para aceitar que outros tenham escolhido o caminho certo um tantinho antes. Todos falam da beleza da admiração e do respeito com o outro, mas muitos simplesmente se esquecem dessas palavrinhas quando se deparam com o sorriso de um conhecido, amor, colega (seja lá o que for) em uma manhã chuvosa.
Eu tenho o direito de saber o que quero mesmo que pessoas próximas e queridas vivam num mar de indecisão. Eu tenho o direito de gostar de alguém que pareça esquisito num primeiro olhar. Eu tenho o direito de trabalhar no mesmo lugar há anos e gostar. Eu tenho o direito de ser teimosa na procura do meu equilíbrio e não deixar ninguém quebrar isso. Eu tenho o direito de expressar minha opinião. Todos têm tais direitos, comigo não seria diferente...
E tenho direito de ver poesia em tudo, mesmo que ela seja trágica e até cafona. A vida não é fácil mesmo, mas já que a recebemos, que façamos com que ela seja no mínimo saudável. Se não for, é porque não é vida. É coisa de androides mal-acabados; não tenho como viver no meio de uma trupe dessas. Não tenho estômago nem coração para isso.
É piegas? Pode ser. Mas como diria uma amiga muito querida, "Anita, a vida é piegas".

sábado, 17 de julho de 2010

Precisamente

Sinto saudade
e nunca te tive.
Não espero você ligar
e não ligo também.
Estranho você não estar,
o que acho normal.
Você quer dar
e não sabe receber.
Faz coisas tocantes
para depois estragá-las.
E ainda por cima
consegue ser pior do que farol quebrado...
Seu cheiro é tão raro
e eu o adoro.
Sua fala é louca
e me prende.
Você não tem noção do tempo
e eu nem te acordo.
Preciso dizer que te amo?

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A Dureza é Fundamental

É de um forte apelo, sem rastejo.
Fendas, falhas, quentura.
Dobras, corcovas, uma por cima da outra.
Séria, não esboça sentir tão fácil: faz corpo duro e demora...

É onda, é marca, é tudo.
Tem prestígio, tem anos.
Inunda, remodela. Para. Vai. Para.
Abriga, e apunhala com calor todos os mortais
Bio-vivo, bio-morto, bio-duro...

Orgia de fluidos sem cerimônia.
Vai arrastando o bio e lava tudo. Fumaça tudo. Pedaça tudo.

Estrato pra que te quero. Estado de dormência fugidia.
Encerra o que viveu, abre espaço para o que ainda nascerá.

Orgia. Ogia. Urgia tudo há mais tempo.
Logia que veio para te contemplar em seu traje e essência.
Dura, sem perder a ternura da vida que enterra.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Engraçar

Mas, de repente, a brincadeira simplesmente perdeu a graça. Ou a graça se perdeu ou fingíamos que ela existia. Somos dois irresponsáveis: você não se manifesta e eu, sem perceber, acabo sufocando o meu discurso, que costuma irromper em situações como esta. E para quê?

É o medo de estragar as coisas. De falar algo que acabe com um momento que na verdade nunca existiu. É muito receio. É o pavor de pronunciar o amor que não pode e não ousa ser dito. Ele pode ser moeda de troca barata; pode até figurar nas mais perversas negociatas. Mas ser falado? Ser sentido a ponto de escorrer pelos poros e jorrar garganta afora e coração adentro? Não. Se assim for, colocaremos seja lá o que for a perder. Só que... Perdemos somente aquilo que já tivemos. E não temos nada. Então não tínhamos o que perder.

Quando você me falou que dando um fim naquela coisa esquisita eu estaria “estragando uma noite tão boa”, estranhei. Para mim, soava libertador e parecia que eu enfim estava desengasgando de uma comida que era sim gostosa, mas que não devia passar do limite da língua – mais precisamente da base dela, pertinho da goela. Era o meu limite. Precisava te falar. E você, como uma criança irritantemente teimosa e cheia de uma razão pretensamente inocente, disse que não saberia como me encarar. Estranhei mais ainda. Mas já estava ficando cansada desses jogos tão bizarros que vínhamos mantendo ao longo de uma volta completa da Terra em volta do astro-rei.

Acho que foi a partir desse momento que me dei conta de que não queria mais lidar com isso. Não estava mais com vontade de te encarar de forma tão leviana. E quando essa leviandade – por mim talhada a duras penas - se foi, experimentei uma nova carga: a da boa lembrança. Simples assim. Sem drama. Com tempo. De sacanagens das boas. Algumas rusgas, palavras (e outras coisas) mal colocadas se perderam entre os encontros que, primeiramente furtivos, foram se tornando cada vez mais cheios de saudades a serem violentamente eliminadas.

É. Pode ser que tenha tido alguma graça...

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Dis

De repente, uma língua morta.
Parece ser o breve fim.
Mas o que fala a boca torta
que não olha mais para mim?

Você cospe e me atinge.
Faz de mim um vigário.
Tanta coisa solta me aflige
e me sinto um otário.

Sou aquele que não tem voz.
Mas minha fala te descansa.
Não percebe quão veloz
seu discurso se agiganta?

Sinto o ouvido enausear
com tamanho descompasso.
Rendo-me tentando repousar
do seu estranho descaso.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Perdidos nos dias

O dia passa.
A noite passa.
Você passa, com pressa.

Não nos falamos.
Nem ao menos tentamos.
"Estamos atrasados, ora essa!"

Que triste eu seja.
Que você não veja.
Essa nossa tristeza.

Não há abraços.
E sim, muitos percalços.
Nessa tua estrada de avareza.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Tríade

Ela está minguando...
Hélio fica meio de saco cheio em ajudá-la.
Maré baixa.

Ah, mas quando ela se enche...
Transborda!
Hélio engrossa o coro!

Hum... E quando ela (re)nova:
Transborda!
Hélio bota uma pilha!

Ela está crescendo...
Dá mais um tempo da cara dele. ("Será que tá blue?")
Maré baixa.
Mas vai subir...

Gaia vai no embalo.
Não perde um passo.
"Essa Lua; sempre inventando moda!"

Espetáculo celestial em quatro atos.
As águas e os bichos aplaudem: "VIVO!"

Movimento


Um arrancou-me uma declaração.
Aquele tirou-me uma ode.
Ele me propiciou momentos de louco deleite.

Dei o que tenho. Diletamente.
Cada um com um pedaço de mim.

E todos me deram o que eu já sabia que
sempre pertenceu a mim:
minha vontade,
minha capacidade,
minha disposição,
meu humano.
Meu gostar.

Sempre chegarão.
Alguns pedirão.
Outros tomarão.
E... muitos nunca saberão.

E aqui dentro jamais acabará.
Esse estranho hábito
de amar.