sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Então: é Natal?!

Não participei de imensos banquetes,
não ouvi as canções daqueles discos com bolas coloridas e guirlandas na capa,
não abraçei cada parente,
não fingi que não estou p. da vida com um monte de coisas
que não desaparecem no dia da missa do Galo,
passei a noite com a Jade - cujo mundo felino não compreende o nascimento de Cristo.
E... não troquei presentes com ninguém...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Oda al gato

Los animales fueron
imperfectos,
largos de cola, tristes
de cabeza.
Poco a poco se fueron
componiendo,
haciéndose paisaje,
adquiriendo lunares, gracia, vuelo.
El gato,
sólo el gato
apareció completo
y orgulloso:
nació completamente terminado,
camina solo y sabe lo que quiere.

El hombre quiere ser pescado y pájaro,
la serpiente quisiera tener alas,
el perro es un león desorientado,
el ingeniero quiere ser poeta,
la mosca estudia para golondrina,
el poeta trata de imitar la mosca,
pero el gato
quiere ser sólo gato
y todo gato es gato
desde bigote a cola,
desde presentimiento a rata viva,
desde la noche hasta sus ojos de oro.

No hay unidad
como él,
no tienen
la luna ni la flor
tal contextura:
es una sola cosa
como el sol o el topacio,
y la elástica línea en su contorno
firme y sutil es como
la línea de la proa de una nave.
Sus ojos amarillos
dejaron una sola
ranura
para echar las monedas de la noche.

Oh pequeño
emperador sin orbe,
conquistador sin patria,
mínimo tigre de salón, nupcial
sultán del cielo
de las tejas eróticas,
el viento del amor
en la intemperie
reclamas
cuando pasas
y posas
cuatro pies delicados
en el suelo,
oliendo,
desconfiando
de todo lo terrestre,
porque todo
es inmundo
para el inmaculado pie del gato.

Oh fiera independiente
de la casa, arrogante
vestigio de la noche,
perezoso, gimnástico
y ajeno,
profundísimo gato,
policía secreta
de las habitaciones,
insignia
de un
desaparecido terciopelo,
seguramente no hay
enigma en tu manera,
tal vez no eres misterio,
todo el mundo te sabe y perteneces
al habitante menos misterioso,
tal vez todos lo creen,
todos se creen dueños,
propietarios, tíos
de gatos, compañeros,
colegas,
discípulos o amigos
de su gato.

Yo no.
Yo no suscribo.
Yo no conozco al gato.
Todo lo sé, la vida y su archipiélago,
el mar y la ciudad incalculable,
la botánica,
el gineceo con sus extravíos,
el por y el menos de la matemática,
los embudos volcánicos del mundo,
la cáscara irreal del cocodrilo,
la bondad ignorada del bombero,
el atavismo azul del sacerdote,
pero no puedo descifrar un gato.
Mi razón resbaló en su indiferencia,
sus ojos tienen números de oro.



Pablo Neruda


* Ah, Neruda...
Só ele mesmo para compor tal ode...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Revolução

E aqui estamos, nesta confusão.
Já chegou a revolução?
E a mudança de costume e de...
O acadêmico diz que sim,
sua mulher diz que não.
Ela faz o quer, faz de conta que faz.
Veste-se para a batalha de cada dia.
Tenta ganhar a guerra que trava,
silenciosamente, com
o quê????

Não há um manual, não há regras,
e sim um fato incômodo: "tenha regras,
mas finja que não tem."

Liberdade? Sim, a de ser infeliz.
Mas policatimente correta.

Depende...

A evolução é pura modificação.
Mudam algumas seqüências.
Mudam alguns códigos.

A evolução é pura modificação
Mudam alguns gestos.
Mudam alguns trejeitos.

Biologia.
Gene.
Proteína.
Jeitão.
Jogada.
Ilusão.

Madrugada inteira

Ficar dividido não tem graça,
nem glamour.
Esquizo... esquisito...
Nisso, não há beleza, nem drama digno
de final -que-acaba-sendo-feliz.
Ser partido é ser sempre mais que incompleto,
mais do que somos
desde o princípio.

Intenso, mordaz, indolente, eufórico:
miscelânea de impressões e estados.
Quando escurece, fica pior: tudo fica claro
e o cheiro arde.
A cabeça não pára, insiste em ir
contra a corrente vulgar do cansaço.

E quando se acomoda a madrugada,
tudo fica mais escandaloso, mais entregue.
Jogo-me nas palavras que não dormem.

Ah, noite!

Por que atrai-me assim?
Será a beleza de sua pretivastidão?
A impáfia das estrelas?

Acho que é o odor de tudo
que acaba emergindo.
Nela, meus segredos não se contêm.

Seu irmão fornece calor
para as traqueófitas e não afins.
Mas, para mim, não adianta;
negligencio-o solenemente.

Apesar de ela forçar meu confronto
com o espelho
continuo atrelada
à sua magnitude.

Noite, como és descaradamente clara!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Paixão de professora - parte 1

Em tempos de constante depreciação do professor, sinto uma corrente cada vez mais comum entre a classe: "Ah, minha filha... Estude, faça um concurso público; isso não é vida..." Mas p.q.p.!!!!!!!!! Estudei e fiz concurso; do contrário, não estaria dividindo espaço com as pessoas que sempre vêm com essa frase de suposto efeito - um colégio... público!

Apesar da tenra experiência docente, existem coisas que já me deixam extremamente cansada e entediada no meio: gente extremamente cansada e entediada com a profissão, que não faz NADA para mudar isso! Ora, se você faz alguma coisa que não lhe dá o mínimo de prazer e de força propulsora, acaba ficando impossível fazê-la! E antes que algum leitor pense que estou sendo leviana e insensível às dores e às necessidades dos colegas, advirto: trabalhar em algo de que se gosta é, para mim, uma questão de sobrevivência.
Continua...

Paixão de professora - parte 2

Em primeiro lugar, acordar bem cedo nem sempre é tarefa das mais fáceis, principalmente se você passou por infortúnios noturnos como: um mal-estar que te obrigou a passar mais tempo no banheiro do que na cama, um baile funk que cismou em se estender por toda a madrugada, uma pilha de avaliações para corrigir, um bebê que chorou incessantemente... Enfim, levantar para mais um dia de labuta depois de ter passado a noite com esses parceiros (que podem resolver se juntar, para melhor te satisfazerem) é dose! E se você for direto para uma escola que muitas vezes se assemelha a um campo de batalha ou a um hospício, após algum tempo algo vai para o beleléu: sua sanidade. Ela é o boi de piranha do profissional insatisfeito, principalmente o professor. O resto da boiada é composto por garganta, estômago, coração, músculos, coluna (não necessariamente nesta ordem).

O que dizer do trajeto casa-trabalho? Sair do sagrado lar e ter que pegar uma, duas - e sei lá quantas - conduções para ir ao matadouro que se torna a escola para um professor infeliz, não pode ter outro nome se não suicídio.

E quando chega a hora de cumprir o ofício propriamente dito? Muitos profissionais se esquecem de que, para ensinar, é preciso, antes de tudo, aprender. Mas, infelizmente, ouço muito as máximas: "Nem sabia disso, no quê isso vai mudar minha prática?", "Tantos anos de experiência, para quê vou mexer com isso ou aquilo?" Quando escuto frases como essas, fico realmente muito triste; se os próprios professores acham que não aprenderão algo só porque este algo é novo em suas vidas, como convencerão seus alunos do mesmo? É bom atentar para essa atitude de negação ao novo, tão criticada nos alunos e, ao mesmo, tão presente entre os professores.

Além da disposição física e intelectual em ensinar, há outra igualmente importante: a emocional. Uma vez que a Educação envolve nada mais, nada menos do que pessoas – com todo o arcabouço visceral-mental-sentimental – a mesma requer profissionais saudáveis emocionalmente, que consigam lidar com diversas situações espinhosas (principalmente quando não há qualquer apoio de outras instâncias de poder e ação dentro das instituições de ensino). Sim, sabemos que o magistério pode minar a saúde emocional de um professor. E se o professor está simplesmente com ojeriza ao seu trabalho - que ele odeia com todas as letras e forças – este passa a funcionar como um catalisador no processo de ruína mental; um tiro no pé.
Continua...

Paixão de professora - parte 3

Bom, expus minhas razões e meus argumentos; talvez o leitor (se este de fato existir) retruque: "É fácil falar e blá, blá, blá...". Antes de tudo, não é fácil falar, tampouco escrever sobre o assunto (!), mas vamos lá. Trabalho em um colégio estadual longe à beça de casa e tenho que pegar duas conduções para chegar ao colégio (o que muitos trabalhadores brasileiros fazem). A primeira aula começa às sete horas da manhã. É sair de casa amanhecendo...

Ah, e quando chego ao colégio, o que encontro? Alunos desestimulados, falta de recursos, agressividade crescente contra os professores etc. Logo, podemos ver que não é fácil e "só flores" para ninguém, inclusive para mim.

Mas sabe por que encaro todo esse pacote, além de, é claro, precisar ganhar dinheiro? (não sejamos hipócritas e sentimentalóides...) Porque gosto!! Se não gostasse, já estaria em outro lugar, fazendo outra coisa, há muito tempo. Acordar, levantar, pegar condução, ficar suja de tinta, explicar a mesma coisa zilhões de vezes e não ter nenhuma satisfação nisso parece-me contraditório, estapafúrdio e doentio.

É... Já deve ter ficado clara a minha posição sobre o magistério, não é? Não tem como negar: arrisco dizer que amo o que faço. Mesmo sabendo que muitas pessoas - e até mesmo colegas - me criticam por ser apaixonada pelo meu ofício, não estou "nem aqui". Mas a elas, só posso externar com palavras ditas e/ou escritas o quão prazeroso é ver aquele monte de aluno querendo fazer perguntas; o brilho nos olhos do menino que associa o que ele está aprendendo com o que ele viu em casa no dia anterior; daquele "ah, professora, agora eu entendi!", em um brado no meio da sala de aula e tantas outras experiências que fazem tudo valer a pena (sério, sem pieguice).

Apesar de achar que nós professores devamos falar a mesma linguagem, ouso destoar de muitos colegas. Sim, gosto muito de ser professora e acho que tenho algo que muitos não têm (por motivos que não cabem a eu julgar): o prazer de trabalhar naquilo que gosta, tendo a certeza de estar no lugar certo, fazendo o melhor que pode. Sou professora e satisfeita, a despeito do que muitos acham ser uma combinação impossível: magistério e realização.

Ufa!

domingo, 29 de junho de 2008

Mulher Preguiçosa

No caminho para o trabalho, lavando a louça, ou tomando banho, uma idéia cismava em me tomar de assalto; digo "cismava" porque agora ela simplesmente faz parte da minha coleção de devaneios que acabam por fazer algum sentido. É ela, a idéia da preguiça permeando tudo o que penso em fazer, a que tento resistir e o que ouso sentir; e é neste item tão genuíno e tão irracional que esse pecado capital se entranha mais.

Sempre achei que sentir "algo" por "alguém" fosse premissa para requisitar o direito de não ser considerada um ser vil, egoísta e insensível. E assim, fui deixando minha condução ser tocada, dirigida, guiada, encaminhada... A preguiça de sentir não me atingia, e lá estava eu, pronta para subir em outra lotação, com a disposição sempre inabalada, digna de uma mulher que sabe ser mulher e nunca se arrepende do que fez, só daquilo que não fez - isto é bonito de se falar e reflete uma auto-estima estratosférica, ? A não-preguiça de sentir levava a um mórbido comportamento de não-agir.

No entanto, tem acontecido um troço meio estranho: eu, típica pisciana com ascendente em escorpião(!), vejo-me uma baita de uma preguiçosa em deixar meus sentimentos tomarem forma. Estou sem ímpeto motivador de imaginar alguém para: querer ver em plena terça-feira à tarde; tomar um sorvete depois de devorar um prato de macarrão na sala; contar as horas para fazer amor... Estou com muita, muita preguiça de gostar verdadeiramente de alguém. No momento, só tenho vontade fazer "isso" com o fulano, "aquilo" com ciclano... O querer poesia ainda existe, mas o querer prosa... Estou com preguiça de procurar idéia central, desenvolver argumentos, estruturar os parágrafos, encontrar frase de fechamento. Dá muito trabalho.

Mas o pecado capital tão maçantemente repetido aqui trouxe novidades. Começo a perceber uma tamanha disposição e imenso prazer em tocar minha condução, que chego a ficar assustada. E como guia, posso controlar a velocidade e escolher a intensidade, atitudes que simplesmente não faziam parte de um ser repleto de vontade de acertar, mesmo que para isso tivesse que quebrar a cara em um muro de concreto. E quebrar a carinha em algo tão duro não tem nada de romântico, heróico e bonito: dói à beça! Não estou com vontade de fazer para ver se acerto ou não; simplesmente quero fazer.

Então, por enquanto (é claro que profiro essas palavras dentro de um contexto momentâneo, cuja duração eu mesma desconheço), deixo a preguiça de sentir tomar espaço em mim. Ela faz o meu lado disposição-para-agir despertar. Pela primeira vez não dói, nem tira pedaço; não destrói, nem deixa gosto amargo. Pode ser que a vontade de sentir brigue em pé de igualdade com a vontade de agir; enquanto elas não se confrontam, fico observando passivamente. Não me custa nada e não dói.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Plenitude?

Não há realização genuína em nada,
pois não há como ter paixão em tudo.
Existem mesmo momenos fugazes
com ganhos e perdas eternos.

Maturidade

Este tempo passa rápido,
tão rápido que não faz vento.
Mas bate em nossa cara.

Serei comum?
Tomara não seja!
Estou ficando com anticorpos
contra esse vírus.

É como outra zona viva.
O tempo parece não me golpear com chicote;
ele passa harmonicamente, em brisa.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Profusão de vida




Durante o Carnaval, tanta carne feminina me deu uma ideia: expressar uma exposição de seios e vagina de forma mais visceral. Sem plumas, paetês e quase-tapa-sexos; um lugar cheio de vida.

domingo, 23 de março de 2008

Estações

E foi assim que começou:
pássaros cantando suas mais lindas canções;
flores externando seus mais doces aromas;
árvores protegendo-nos da forma mais maternal.

E foi assim que continuou:
o Sol nos aquecia vigorosamente;
o céu transfigurava-se em extraordinário fundo azul
e tudo ficava fortemente agradável.

E foi assim que aconteceu:
nossa alegria perdeu o lugar para a rotina;
o delicioso das futas tornou-se gostoso.
o fervilhante das águas virou morno.

E foi assim que terminou:
nossas palavras perderam a beleza.
Nossos prazeres perderam o calor.
Nossas vidas acabaram por perecer.
Nosso amor esfriou.

Alma Minha

Alma, astuta criança.
Quando pensamos ter posse dela,
Descobrimos que a ela pertencemos.

A matéria nos é confortável.
Mas ela não se convence;
faz malcriação e mostra suas lágrimas.

Se ela vê sua Aurora,
nosso Ocaso é irrelevante...
Só prevalece sua alegria.

Mas se essa criança faz pirraça.
Nem todo o nosso gozo
tira sua tristeza.

Arrisco concluir:
quando aquela angústia sem motivo
e aquele estado de graça inexplicável
abaterem-se em você,
não se assuste, pois
é a Alma mostrando suas proezas
e testando sua morada.

Intransponível ( P/ J.C.)

Quando o vi, tive certeza.
Nada lhe tira a beleza.
O tempo bem que tentou.
Mas sua voz é teimosa; não fraquejou.

Assim ele faz com a gente.
Inexorável e pouco inteligente.
Tempo, por que age assim?
Você é intenso no fim.

Contraria todas as leis.
Humano espera e vive e espera.
Morre logo que consegue o que quer.

É o senhor de todos os reis.
O que o homem esconde, ele revela.
E esconder o quê??

Alguns até vivem à frente dele.
Outros sequer toleram sua existência.
Não, não é crítica; tampouco censura.
É uma alternativa de pura loucura.

O tempo lhe tirou a rebelde candura.
Deu-lhe a serenidade e a cura.
O tempo lhe furtou o louco vigor.
Cedeu-lhe o viver com mais ardor.

Sua força, ele sempre mostra.
Fez com o anjo aquilo que gosta.
Por isso, é um sábio insano.
É o que nos faz ver qualquer engano.

sábado, 22 de março de 2008

Fomos sim

Do nada, vem-me uma saudade.
De quê, nem sei de verdade.
Momentos felizes, trovão.
Períodos difíceis em vão.

Perdíamos a razão e rindo,
sonhávamos com o menino.
Barriga estoura e sai um grito.
Uma doce melodia e gemido.

Crescemos, e então:
duas línguas em diferente chão.
Doeu sim, sei reconhecer.
Mas é inútil tentar esconder.

O coração é tolo e não vê.
A cabeça demora, mas crê.
Coreografia sem sintonia.
E as batidas em total desarmonia.

sábado, 8 de março de 2008

A mãe de todas as mães

Neste dia que escolheram como "Internacional da Mulher", mostro minha humilde visão da mulher, naquele que acho o seu maior poder: o de criar.
Por isso, nada mais justo do que retratar a mãe de todas as mães.

Limbo

Lugar onde encontro a paz,
não tem medo, nem tormento.
O que tem lá, tanto faz.
Droga rosa é veneno.

Foi resistência, um ter e não querer
Dieta de porcarias e mal.
Até que não deu mais para aparecer.
Pacote verde quase mortal.

O limbo não conta com gracejos.
Existem o perdão e os beijos.
Flores insossas em um brejo cheiroso.
A grande mangueira acolhe.
Seus filhos atônitos e o teimoso.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Encontros

Acorda às cinco, levanta o rosto para trabalhar.
Toma um cafezinho para ter forças e continuar.
Sobe no primeiro, no segundo e no terceiro.
E cada um deles é cheio de sonhos e sombras.

Levanta às onze, esconde o rosto, deixa o sol entrar.
Bebe um suco, fuma um para relaxar.
Sobe no terceiro e encontra dois amigos.
E cada um deles é cheio de sonhos e sombras.

Eles se encontram e o que há?
Um está nervoso e outro nem tem chão para pisar.
"As contas estão atrasadas; o que faço, patrão?"
"Dinheiro não é tudo; viva a vida, meu irmão!"

"É... vou beijar minha nega quando chegar em casa;
levar os moleques ao Maraca, no domingo, e ver o Mengão vencer."
"E eu vou fumar mais um, neste lindo dia, para tentar não lembrar
que meu moleque está para nascer."

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Nossos Dias

Coisa minha e só.
Que sejam dois seios e borogodó.
Viajo em minha tortura.
E não é questão de musculatura.
Sentimos igual.

Choro e nao fui visitada por ela.
Soco, jogo copos pela janela.
Brigo, às vezes, por nada.
Grito e faço palhaçada.
Os dois lados fazem o mesmo.

Possessiva? Talvez no passado.
Não que eu tenha mudado.
Você me olha de compaixão.
Pensa que leva ao chão,
pois sou "sensível e não aguento".

Mas nossos hormônios se misturam.
Nossos pelos se enroscam.
Os sentidos se fundem.
Os sentimentos se encontram e, no mais,
somos raivosos,
febris,
errantes e
humanos
bichos.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Luta

Caos, caos, caos.
Trilhões se matam, se destroem.
Por causa de você.
Elas se agrupam, recebem ordens.
Por causa de você.
Não falam, não pedem retribuição pelo trabalho.
Por causa de você.
Liberam seu interior, despem-se do que
há de bom e de ruim.
Em cima de você.
Morte, desaparecimento do corpo.
Dentro de você.
Não cuida, acontece com quem se ama e
com você.
Toma a matéria, toma o espírito, até a menor parte
de você.
E aí, pode-se ver:
é o caos, é o caos, é o caos.
É você.


* Escrito depois de uma manhã inteira de sábado embalada com a sinfonia Patologia Clínica.

domingo, 3 de fevereiro de 2008


" Tinha lindos olhos dourados
e grandes pés inchados.
Pinga, sua musa.
Sapatos? Diziam: ' não usa'."

Anita.