segunda-feira, 30 de junho de 2014

Ao Vale do Paraíba

Vem da força dos rios, 
os que nos parecem calmos em nossa breve vida, 
mas que escavam, penetram e esculpem as serras imponentes.
Rio Paraíba, o do Sul.

"Mar de morros"... 
Como pode uma alcunha juntar 
a beleza, a antítese e a magia deste gigante?

Tem o verde, o desnudo, o profundo e o redondo.
Bacias no seu sentido mais íntimo, de ínfimas a extensas depressões.
Filhas dos estragos e rompantes da superfície caprichosa, 
quente 
e louca 
do que chamamos de Terra. 

Abriga a vida displicente, a vida que lá cai e a vida que outras criaturas
arrogantes
destemidas
e sofridas 
escolheram colocar por lá.

Brotou o café, pisam os bois e fumam as indústrias.
Erodiu, arrasou, mas não findou.

E foram surgindo, resistindo e sentindo:
as roças gentis,
os quilombolas,
as rodas,
as fogueiras,
o barro,
o jongo
e os trilhos antes de passagem, agora destinados à pura contemplação saudosa.

Deu-me a primeira e mais visceral morada, que surgiu das terras da Valença.
E que já com os olhos ativos, me levou a conhecer 
em um  inverno especial, o último da década.

Deu-me mais e mais estações de registro avermelhado.
Apresentou-me às lamacentas risadas de meus queridos pares,
vindas das madrugadas chuvosas e dos dias de sol rascante.

No reduto da minha mãe de todos, 
a música das aves,
o olhar dos bois,
e o frenesi vindo da pocilga, melodia improvável e cortante.

E no meio dele, na Barra Mansa, encontrei 
a segunda metade do meu coração 
inundado pela ciência.

De cada canto que estou a vê-lo,
seja no conforto de minha avó, no meio de Vassouras
seja da janela da estrada, passando pelos Areais, Pinheirais e tantas outras copas,
seja de perto, sentindo, pisando e descrevendo Bananal,
seja numa roda de jongo em Piquete,
seja nas lembranças da pequenice, vindas da Barra do Piraí e de Pindamonhangaba, 
o peito aperta, de aperto bom.

Os olhos sempre apaixonados, como os de uma primeira vez, só falam:
"Ah, Vale do Paraíba... Em você eu nasço, descubro e amo!"







sexta-feira, 27 de junho de 2014

Aprendo

Na paciência e na espera, cá estão os conflitos birrentos.
E berrentos. Não calam nem com o barulho que finjo jogar neles.
E esperneiam. Dão-me chutes e murros naqueles pontos cegos.
E esbravejam. Fazem-me olhar com aquela vergonha e baita receio.
De me levarem. Para locais sombrios e bolorentos.

Mas são como crianças: 
puxam-me
batem-se,
lagrimam-se, 
ajoelham-se,
arrebentam-se 
E jazem derrotados.

E são como crianças:
desculpam-se,
vêm,
ensinam-me
e aquietam-se.

domingo, 27 de outubro de 2013

Mia

Olhos arregalados e prontidão alegre.
Barulhinhos, sem silêncio para ela.
Abre, arregaça, explora e preenche.

Veio na calma, pegou na marra.
Brilha como a próxima preta pantera.
Só que muito, muito mais linda,
e bem, bem menor,
tomou um espaço imenso.

Infinitivo

É a coisa de manter a esperança e, por que não dizer, a crença. É o tapa na cara que o otimismo lhe dá, mesmo quando tudo parece estar tão bagunçado que desistir é opção mais parcimoniosa. É quando você se dá conta de que sim, tudo tem que ir, mas pode voltar; e se não voltar, é porque talvez nem tivesse que aparecer. É a beleza de se perceber que nisso tudo, a pessoa para quem podemos contar (inclusive segredos mais obscuros) e que de fato pode iluminar os recantos mais sombrios (ou não) é você mesmo. É o momento em que você se dá conta de que não há criatura que tenha mais obrigação de lhe respeitar, de lhe acarinhar e de lhe mostrar as coisas do jeito que elas são do que você. É o misto de duas entidades tão importantes mas às vezes tão subestimadas - experiência e intuição - que tão dura e ferozmente tem um protagonismo absurdo em nossas vidas. É ter a coragem de admitir que as expectativas existem, mas ter a força para que elas não ocupem toda a energia, e não deixar que elas roubem a beleza de tantos momentos importantes. É saber que tudo é transitório, mas nem por isso superficial. É ter o cuidado essencial no trato com o outro, pois isso tem um poder imenso de dar tranquilidade e uma certeza de que você pode encará-lo de frente, sabendo que fez de fato o melhor. ´

É ter peito de saber, admitir e colocar em prática o que lhe faz feliz. 

E é ter a paz de deixar acontecer.

.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013


   Não se trata de fugir das dificuldades, isso seria correr da vida e não ir em direção a ela. O negócio é ter a coragem de manter o que é hábil (nem falei bom, para não parecer refúgio no prazeroso) e não manter o que é inábil. Uma verdade universal é a de que o todos nós queremos uma simples coisinha: ser felizes. E para isso é preciso ter a determinação e a coragem para encarar o que é bom e o que não é... 
     Eu, por exemplo, adoro ensinar, não me imagino em outra profissão; já tentei capoeira (bonita, luta, resistência, cultura), mas descobri que sou medrosa para pular, dar salto mortal, e competir a cada movimento não é a minha; sou metódica para aprender e preciso de um mínimo de gentiliza e paciência para tal (características que julgo básicas de um professor); não consigo lidar com gigantismo de ego, do tipo "o cara é insuportável, mas sabe"; sinto falta de mais arte na minha vida; prezo as palavras claras.... Aceitei, lembrei, pondero, intuo e sinto. Serão estes os passos em direção à felicidade? Para mim, está com cara de ser. 
:)

domingo, 23 de dezembro de 2012

Coragem é irmã
por parte de mãe, de pai,
de sangue e de leite,
de alma
da sinceridade.



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Foi!

Cadê você
para me embalar,
fazer esquecer?

Para onde foi;
que me deixa sozinha,
que leva minhas histórias?

Vê se vem logo,
para me reabilitar,
fazer acontecer.

Para de manhã
Tudo valer a pena.

Chega pra cá e fecha meus olhos!