sábado, 24 de julho de 2010

Há umas três semanas, um pouco antes de pegar a estrada rumo à Vassouras, esbarrei com uma música que me prendeu; na verdade, foi um vídeo que continha a música. Música não, canção. Canção não, quase um mantra.


Como venho traçando um caminho muito especial (só não é do bem porque não tem nada de Racional), guardei com bastante carinho esta canção-mantra comigo. O que diz? Pois bem:


"And I don't want to cry my whole life trough
I want to do some laughing too
So come on, come on, come on, come on laugh with me.
And I don't want to die without shaking up a thing or two
Yeah, I want to do some dancing too
So come on, come on, come on, come on dance with me.


Sometimes you've just gotta make it for yourself.
Sometimes sugar, it just takes someone else.
Sometimes you've just gotta make it for yourself.
Sometimes baby, you just need someone else."


Girls, em "Hellhole Ratrace"



sexta-feira, 23 de julho de 2010

Somos humanos, somos cafonas

Tudo cansa. Não somos robôs, embora muitos pareçam verdadeiros androides mal-acabados. Estes sim são indestrutíveis, são fontes inesgotáveis de reclamações torpes e de atitudes que em nada resolvem o marasmo em que suas vidas pífias se encontram. E pior: não se cansam de tentar minar, a todo custo, qualquer princípio de paz que cisme em brotar ao redor. E isso tem me cansado demais.
Se está chovendo, seria melhor um sol; se está trabalhando, seria melhor ter mais tempo para si; se está desempregado, "quem dera ter um chefe para me encher a paciência". Se você está na tranquilidade, sem reclamar, é porque é um babaca. Não dá. Não deu para segurar o que venho sentido há tempos nos ambientes em que transito, fico e vivo. Principalmente vivo.
Tempos em que as reclamações eram constantes já existiram; faço aqui uma confissão. Mas, no fundo, depois de experimentar as consequências de tamanha atitude modorrenta, cheguei à conclusão de que era muita energia para nada. Era muito barulho por nada. Era nada por nada. Depois disso, caiu a ficha de vez: dar importância e o peso que cada coisa merece é fundamental. Não é possível viver constantemente em uma ultra-tragédia ou no mais escabroso niilismo e escapar impune da vida. Não há ser que passe por isso impune. Então, a tentativa de atribuir a nossos saltos, subssaltos e sobressaltos as cores devidas é constante. Que os caminhos que adotamos nem sempre nos levam ao mais perfeito desfecho nós sabemos. Mas que se tenha força para se admitir que o caminho não foi dos melhores e recomeçar a andar. E que se tenha caráter para aceitar que outros tenham escolhido o caminho certo um tantinho antes. Todos falam da beleza da admiração e do respeito com o outro, mas muitos simplesmente se esquecem dessas palavrinhas quando se deparam com o sorriso de um conhecido, amor, colega (seja lá o que for) em uma manhã chuvosa.
Eu tenho o direito de saber o que quero mesmo que pessoas próximas e queridas vivam num mar de indecisão. Eu tenho o direito de gostar de alguém que pareça esquisito num primeiro olhar. Eu tenho o direito de trabalhar no mesmo lugar há anos e gostar. Eu tenho o direito de ser teimosa na procura do meu equilíbrio e não deixar ninguém quebrar isso. Eu tenho o direito de expressar minha opinião. Todos têm tais direitos, comigo não seria diferente...
E tenho direito de ver poesia em tudo, mesmo que ela seja trágica e até cafona. A vida não é fácil mesmo, mas já que a recebemos, que façamos com que ela seja no mínimo saudável. Se não for, é porque não é vida. É coisa de androides mal-acabados; não tenho como viver no meio de uma trupe dessas. Não tenho estômago nem coração para isso.
É piegas? Pode ser. Mas como diria uma amiga muito querida, "Anita, a vida é piegas".

sábado, 17 de julho de 2010

Precisamente

Sinto saudade
e nunca te tive.
Não espero você ligar
e não ligo também.
Estranho você não estar,
o que acho normal.
Você quer dar
e não sabe receber.
Faz coisas tocantes
para depois estragá-las.
E ainda por cima
consegue ser pior do que farol quebrado...
Seu cheiro é tão raro
e eu o adoro.
Sua fala é louca
e me prende.
Você não tem noção do tempo
e eu nem te acordo.
Preciso dizer que te amo?

quarta-feira, 14 de julho de 2010

A Dureza é Fundamental

É de um forte apelo, sem rastejo.
Fendas, falhas, quentura.
Dobras, corcovas, uma por cima da outra.
Séria, não esboça sentir tão fácil: faz corpo duro e demora...

É onda, é marca, é tudo.
Tem prestígio, tem anos.
Inunda, remodela. Para. Vai. Para.
Abriga, e apunhala com calor todos os mortais
Bio-vivo, bio-morto, bio-duro...

Orgia de fluidos sem cerimônia.
Vai arrastando o bio e lava tudo. Fumaça tudo. Pedaça tudo.

Estrato pra que te quero. Estado de dormência fugidia.
Encerra o que viveu, abre espaço para o que ainda nascerá.

Orgia. Ogia. Urgia tudo há mais tempo.
Logia que veio para te contemplar em seu traje e essência.
Dura, sem perder a ternura da vida que enterra.