domingo, 22 de maio de 2011

Ramificam

E volto a derramar o que não consegue se contentar em ocupar simplesmente todo o meu espaço. De amor tão sublime, brotou um galho torto, exótico e daninho; deste galho florescem corpos de aroma embriagante. Cipós que, ao não se enxergarem como cipós que sugam a seiva e extinguem a vivacidade do hospedante-compulsório, acabam por apontar os ramos em riste para as os pedaços da árvore como se estes fossem os verdadeiros malfeitores. Mas os pedaços acusados de tamanho mal compartilham com a árvore a mesma seiva, as mesmas raízes e o mesmo tudo. O cipó faz parte, mas não faz. Compartilha o mesmo espaço, mas não está desde sempre. Tem intimidade mas não é o próprio. Mas o velho tronco tem suas percepções alteradas e o cipó parece lhe dar mais beleza, mais verde. Então, os pedaços saem cortados, sangrando. Eles sangram e se doem.

Mas mesmo assim, vão insistir em brotos. E com a mesma fé no amor sublime que insiste.