segunda-feira, 12 de outubro de 2009

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Demoro uma semana para escrever sobre Mercedes Sosa. Estou ouvindo-a, cantando "Che Guevara". Suas músicas - muitas poesias cantadas, a bem da verdade - sempre exerceram uma força estranha em mim, uma sensação de pertencimento a algo que não entendia. Conheci sua voz muito cedo.

Sinto, desde que me lembro como ouvinte, uma gostosa identificação com a interpretação e as temáticas presentes no cancioneiro de Mercedes, ainda mais sendo filha de uma pessoa inacreditável que é J.F. Sem querer, sem forçar e sem doutrinar, era um tal de ouvir Mercedes cantando, de aprender a conhecer nossa América... “Conversemos sobre o que é ser socialista...” Uma delícia.

É por isso que os meus olhos marejam quando escuto La Negra cantando sobre o encantamento de Violeta Parra com os estudantes de tempos agora distantes. Tá. Pode parecer uma tremenda pieguice, mas é como se, de alguma forma este encantamento me invadisse também. Assim como o prazer de escutar uma argentina, em uma língua que me desperta enorme carinho, cantar a beleza de voltar a se sentir profundo como um menino diante de Deus (ah, Violeta!). Depois dessa, despeço-me; não sei mais como externar minha emoção diante de tamanha voz e coração. Desde sempre.

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