sábado, 31 de outubro de 2009

Se Não Somos

Se fôssemos amigos,
conversaríamos mais
decentemente,
visualmente.

Se fôssemos amantes,
deleitar-nos-íamos mais
com nossas peles
e mentes.

Se fôssemos amigos,
ouvir-nos-íamos mais,
aprendendo a dividir
e unir.

Se fôssemos amantes,
eu poderia sentir sua voz
não só nos meus ouvidos,
mas também em minhas
lembranças.

Se fôssemos amigos
dividiríamos umas cervejas.
Filaríamos cigarro
um do outro.

Se fôssemos amantes,
ousaria ansiar por
sua presença,
deixando o desejo livre para
nascer, crescer e ser saciado.

Se fôssemos amigos,
conversar sobre nossos amantes
queridos
não seria tabu e invasivo.

Se fôssemos amantes,
as palavras sacanas
de nossas mensagens instantâneas
ganhariam vida própria;
não ficariam escondidas sob a
frieza de uma tela.

Se fôssemos amigos,
eu poderia te ligar
para falar coisas sem sentido,
para te dar um OLÁ
e escutar um “tudo bem?”

Se fôssemos amantes,
você não colocaria as
paranóias de
homem-decente-que-quer-mas-
-não-pode-me-desejar.

Se fôssemos amigos,
seríamos mais sinceros
um com o outro.
Não teríamos medo de expor
o que sentimos.

Se fôssemos amantes
palpitaríamos de fato e
não haveria os demasiados
“eu faria” e “eu colocaria”.

É...
Não somos amigos.
Não somos amantes.
Somos um par de conhecidos
que foram colocados
estranhamente
em um mesmo
quarteirão.

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