sábado, 31 de janeiro de 2009

Biriri

Tinha lindos olhos dourados
E grossos pés inchados.
Pinga, sua musa.
E sapatos? Diziam: "Não usa!"

Alguns poucos amigos.
Talvez encontros furtivos.
Na vida simples de Vassouras,
entre tantas lavouras.

Dona Chica o acolhia com prosa,
quando ela não tava numa birosca.
Roupa velha não serve mais.
Mais frio, jamais.

Sua casa, um saco cheio de vida.
Pronto para qualquer ora,
qualquer partida.

E assim, ele partiu.
Deixou sua musa, que antes o matou.
Por onde anda, ninguém sabe;
ninguém viu.
Mas em algum lugar, ele acordou.
Com seus lindos olhos dourados.
Os pés amputados.
O fígado acabado.
E o sossego encontrado.

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