domingo, 22 de maio de 2011

Ramificam

E volto a derramar o que não consegue se contentar em ocupar simplesmente todo o meu espaço. De amor tão sublime, brotou um galho torto, exótico e daninho; deste galho florescem corpos de aroma embriagante. Cipós que, ao não se enxergarem como cipós que sugam a seiva e extinguem a vivacidade do hospedante-compulsório, acabam por apontar os ramos em riste para as os pedaços da árvore como se estes fossem os verdadeiros malfeitores. Mas os pedaços acusados de tamanho mal compartilham com a árvore a mesma seiva, as mesmas raízes e o mesmo tudo. O cipó faz parte, mas não faz. Compartilha o mesmo espaço, mas não está desde sempre. Tem intimidade mas não é o próprio. Mas o velho tronco tem suas percepções alteradas e o cipó parece lhe dar mais beleza, mais verde. Então, os pedaços saem cortados, sangrando. Eles sangram e se doem.

Mas mesmo assim, vão insistir em brotos. E com a mesma fé no amor sublime que insiste.


5 comentários:

Mell Renault disse...

Anita, suas palavras são desesperadamente comoventes. sua palavra cantada me dispertou para o fascínio que é a vida!!


Obrigado por nos apresentar um blogue tão maravilhoso!!

um carinho de quem sempre estará aqui,
Mell

Amanda Teixeira disse...

Anita, o que você faz aqui, apesar de seu, é meu e é do próximo leitor também, porque, à medida que vc escreve, se derramando, cabe, irremediavelmente a nós,te colhermos. Eu o faço com todo o amor que sinto por você. Amor sincero; uma flor. Uma florzinha sincera! :)

Anita Fernandes disse...

Mell, muito obrigada pelas palavras e como fico feliz em ver que este meu grito causa coisas boas. Afinal, se fazemos as palavras, choramos e despertamos, é porque a vida de fato está aí,com toda a sua beleza e falta de cerimônia.

Será ótimo vê-la aqui mais vezes.

Beijo,
Anita.

Anita Fernandes disse...

Amandita amada!

Sempre me derramo, né? Que especial é sentir que tudo que sai, cai num lugarzinho especial naqueles que amamos. É a pura e escancarada verdade, amiga.

Um beijão,
Anita.
;)

Unknown disse...

Há mesmo o que nos povoe sem ser nosso, a nos conceder belezas com as quais não contávamos. Cipós, brincos, braceletes, vestidos, pessoas,tanto penduram em nós, e nós neles todos. Pra troca acontecer há que se ceder.

Beijo