terça-feira, 23 de junho de 2009

Um dia....

Quando.... Esta palavra é carregada de significado (ao menos para mim): denota possibilidade e o tempo de alguma coisa acontecer. Mas o quê? Aí é que reside a armadilha.
Falamos muito "quando eu arranjar aquele emprego", "quando eu encontrar aquela pessoa especial", e colocamos em um tempo, que às vezes não tem a menor pressa de passar, uma grande responsabilidade. Acreditamos que algo de arrebatador está sempre à espreita, esperando o tempo certo de nos golpear e nos tirar de uma pasmaceira qualquer. Mas... O que é tão arrebatador assim que ousa em nos deixar aflitos e com uma ansiedade tão esquisita que chega a turvar nossa visão de presente? Bingo! Não sabemos! Não temos ideia!
O depósito de esperança na conta do quando e do amanhã parece muito libertador em uma primeira olhadela. No entanto, o quando não chega, o amanhã não traz algo que de fato nos coloque de quatro e o monstro da ansiedade volta a crescer. A energia para agir e sentir acaba se esvaindo na viagem de esperar: aquela pessoa, aquela promoção, aquele, aquele, sei lá o quê. A mania de planejar compulsivamente cada passo não tem nada de libertador. Nada. Pode servir para não nos colocar em apuros de escala astronômica (opa, mas a vida em si já é um troço perigoso... enfim...), mas nos paralisa e trava a coisa toda. E o pior: é contagioso. Quem nunca levou um balde de água fria ao compartilhar com um querido que decidiu casar, que vai ter um filho, que vai mudar de cidade, de profissão? Todos já devem ter tido contato com este agente infeccioso ou ter transmitido o dito-cujo a alguém.
O arrebatador não é arrebatador se tiver hora e lugar marcados; se precisar de um "quando" para se tornar realidade e nos fazer sucumbir, promovendo mudanças loucas em nossas vidas. Muitas coisas extraordinárias simplesmente nos cutucam (quase o tempo todo), mas por estarmos tão preocupados com o nosso umbigo - que nunca sai do lugar - não conseguimos ver o quão especiais elas podem se tornar. Não dá para projetar a todo instante o instante seguinte cujo tempo simplesmente não existe. Tudo vai acontecendo de uma maneira tão deliciosa que nós, da espécie humana - cada vez mais desabituados em crer no bom se configurando perante nossa reles visão - não nos permitimos jogar para AGORA nossos sonhos.
Meu quando é toda hora.

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